A Peste de Albert Camus
- Carlos Machado Jr
- 1 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de jun.
Acabo de ler o Livro “A Peste” (1947) de Albert Camus, jornalista, filósofo e escritor francês nascido na Argélia em 1913 e vencedor em 1957 do Prêmio Nobel pela sua produção literária.
Impressionou o quão parecido são os comportamentos descritos nessa ficção com aqueles que pudemos conviver na pandemia do coronavírus, seja por medidas governamentais ou pelo comportamento dos cidadãos.
É claro a semelhança na demonstração dos aspectos negativos que uma pandemia traz, como o egoísmo humano, desumanização perante a barbárie, afetação alimentar, impacto aos menos favorecidos financeiramente ou das intenções políticas desvirtuadas.
Outro aspecto também apontado na obra foi o reconhecimento de fazerem parte de uma coletividade. Igualmente a dor e sofrimento que uma pandemia como a do coronavírus nos trouxe, fica claro o aumento do sentimento de coletividade, bem como a percepção da necessidade do altruísmo, do compartilhamento de itens de necessidades e vacinas entre nações.
Sempre que olho para o agrupamento entre pessoas com o mesmo intuito, acabo me deparando a necessidade de uma luta maior, Ou seja, esse sentimento de coletividade sempre vem com a luta por uma causa em comum, seja no menor cenário como dois ou mais parentes que se unem para defender um interesse familiar, ou vizinhos que juntos tentam resolver uma questão da rua ou do bairro, chegando até esferas maiores como nações com forte patriotismo construído em uma identidade comum ou mediante uma ameaça externa.
Nesse sentido, a pandemia foi uma causa comum em escala global que de alguma forma aumentou o sentimento de unidade e de respeito à natureza, pelo menos durante sua maior incidência.
Muito se falava que após a pandemia sairíamos melhor, que tínhamos aprendido uma lição e que havia sido despertado uma certa lucidez coletiva. Quando na verdade na pós-pandemia perdemos a única causa comum que nos unia.
Esse talvez seja um paradoxo difícil de compreender. Que para sermos melhores, precisa existir ou ter a iminência de algo ruim para combater. Não nos falta conhecimento do certo agir, mas nos tem faltado algo maior pelo que lutar em conjunto.
Não precisaria ser assim, pois causas comuns existem aos montes. Mas a não afetação tão evidente na vida cotidiana das pessoas e no seu conforto, faz com que não enxerguemos como causas urgentes, ainda que sejam.
De certo é que voltamos a normalidade após difícil período e muitas perdas. O que nos resta agora é tentar entender se o que vivemos realmente é o normal ou se ainda estamos diante de inúmeros absurdos.








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